domingo, 31 de julho de 2016

PAÇO MUNICIPAL - POR CIVILIDADE (31/07/2016)

        
        Hoje escrevo para desagravar parceiros que sofreram a agonia da Ponte de Pedra e vibraram quando ela voltou do destino que o rio Botucaraí lhe impunha. Aqueles mesmos que agora trazem o Paço Municipal de volta à vida, e que vão refazer a velha estação da Ferreira, garantindo-a no futuro.

       Alguém diria que esta gente não precisa ser desagravada, e eu concordo!

      Não precisa desagravo quem reconstruiu uma ponte sob a violência do rio, ou que enfrentou a degradação que já abatia o Paço e não se assusta com o desafio da Ferreira.

     A vida de cada um é sua própria motivação!

     Mas me imponho a escrever mesmo assim!

     Dignidades atacadas com persistência geram dúvidas, que por sua vez embaraçam corações dedicados a interesses coletivos como se fosse a última oportunidade individual das suas vidas.

     Sobre a personalidade de quem ataca, não escreverei! Não conseguiria ser mais eloquente do que as múltiplas vozes dos que lhe passaram pela vida. Contesto apenas, sua afirmação de que o Paço esteja sendo mutilado!

     Em restauro quase nunca há consenso sobre diretrizes técnicas, e divergências somente são resolvidas se preservada a civilidade nas relações.

     Ao contrário de qualificar cidadãos como algozes do Paço Municipal, poderia num sopro de humildade, olhar as pegadas que deixa pelo caminho e tentar uma relação humana não destrutiva.

     O Paço foi realmente mutilado quando o tempo lhe destruiu telhas, janelas e portas, ou quando construíram uma laje de concreto no seu coração, ou ainda quando seus assoalhos sumiram para aterros e cerâmicas. Mutilado foi quando o abandonaram ao ponto de transformá-lo num depósito de entulhos, assombrado por morcegos, cupins e umidades.

    O trabalho de hoje não o mutila, mas restaura a vida que lhe fugia!

    Felizmente, os protagonistas atuais persistirão firmes nos seus objetivos! 

    O contrário disto seria encerrar uma história de voluntariado que mudou o senso comum da cidade em relação às suas edificações históricas, transfigurando-as de alvo de interesses individualizados para bens intangíveis que o carinho de todos apropriou valor.

    Espera-se que um dia, pelo trabalho de todos, a matemática dos nossos bens culturais edificados resulte em muito mais construções históricas íntegras do que destruídas.


A civilizada Cachoeira merece!



OSNI SCHROEDER






24/01/2013 - Comunidade unida para o início das obras

28/06/2016 - Arquitetos da UFSM apoiam a restauração


2º Pavimento em 2013 - Parceria com 3º B.Eng.Cmb.

2º Pavimento em 2016 - Restauro pela Construções Granzotto 




2º Pavimento em 2013 - Mutilado pelo tempo e pelo descaso

2º Pavimento em 2016 - Em processo de restauro, com trabalho e dedicação. 

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