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ESTAÇÃO FERREIRA


Trabalho enviado pela pesquisadora
Profª Mirian R. M. Ritzel:




ESTAÇÃO FERREIRA
Catalogada no livro 
PATRIMÔNIO FERROVIÁRIO NO RGSUL
Inventário das Estações 1874-1959
IPHAE








 PONTE DE PEDRA

pesquisas de Ione Carlos, Maria Lúcia Castagnino e Mirian Ritzel


          A Ponte do Botucaraí tem o início de sua história em 19/05/1832, quando em sessão da Câmara Municipal, sob a presidência de José Custódio Coelho Leal, foi feito o registro da determinação do Presidente da Província, Desembargador Manoel Antônio Galvão, para que fosse elaborada a planta da ponte. A Câmara respondeu que precisava de um engenheiro e perguntou se deveria pagar a planta. Em 18/04/1833, a Câmara, sob a presidência de José Pereira da Silva, enviou correspondência ao engenheiro João Martinho Buff solicitando planta da ponte. Em 05/06/1847, o Presidente da Província, Manoel Antônio Galvão, voltou a pedir a planta da ponte. Em 15/09/1847, Lopo de Almeida Henriques Botelho e Mello encaminhou a planta e orçamento da ponte ao Presidente da Província, Manoel Antônio Galvão, que deveria ser construída no passo ou pouco acima do Passo Real do Botucaraí
        O orçamento para construção da ponte de alvenaria com 5,7 braças cúbicas de parede e 13,5 braças quadradas de reboque importava em 4.978 carradas de pedras a 2$560, perfazendo 12:703$680, 29.800 tijolos a 52$000, perfazendo 1:549$600, 7.340 alqueires de cal a 1$200, perfazendo 8:808$000, 1.078 carradas de areia a 480, perfazendo 517$440. Soma: Rs. 24:578$720. Mão de obra: oito pedreiros em 264 dias a 3$000, perfazendo 6:336$000, 20 serventes em 264 dias a 1$000, perfazendo 5:280$000. Soma: Rs. 11:516$000. Para os simples dos arcos, ferramentas, utensílios e andaimes num total de 1:800$000. Total: Rs. 36:994$720. (Arquivo Histórico do RS, fundo Obras). 
        O Relatório do Presidente da Província, Manoel Antonio Galvão, na abertura da Assembleia Legislativa Provincial, em 05/10/1847, traz a seguinte informação: Ponte do Passo Real de Botucaraí. A planta desta ponte encomendada pela Lei n.º 33, de 5 de maio de 1846, foi concluída. Ser-vos-á apresentada, bem como o orçamento na importância de Rs. 36:994$720.”   No Relatório do Vice-presidente João Capistrano de Miranda Castro, apresentado na abertura da Assembleia Legislativa Provincial, em 04/03/1848, consta:  “Esta ponte, decretada pela Lei n.º 89, de 23 de novembro de 1847, e orçada em Rs. 36:994$720 réis, foi arrematada em 11 de fevereiro do corrente ano pela quantia de Rs. 46:800$000 réis, lanço este o mais vantajoso que apareceu e foi aceito em vista da Lei n.º 114, de 6 de dezembro do mesmo ano de 1847.”    
        Em 10/01/1848 foi feito o contrato de empreitada, ou lavratura do termo de arrematação da construção da ponte de alvenaria, por Manoel Fialho de Vargas Filho.    “A Ponte de Botucaraí será construída de alvenaria, revestidas as arestas dos talhamares de pedra lavrada a picão. Os arcos serão do melhor tijolo e a argamassa nela empregada será de cal e areia na razão de 1:1, isto é, tanto de cal como de areia e igual argamassa se empregará em todos os reboques e parapeito que também era de tijolo. A argamassa empregada no interior dos maciços será de cal e areia na razão de 1:2, isto é, o duplo de areia. O pavimento da ponte será todo calçado de pedra própria para este emprego assim nas dimensões como na qualidade.   Porto Alegre, 25/01/1848. Lopo Almeida Henriques Botelho e Mello.”    (Arquivo Histórico do RS, fundo Obras).    Ofício remetido em 07/02/1848 ao Presidente da Província, Manoel Antonio Galvão, dando parecer sobre as condições da construção da ponte oferecidas por Manoel Fialho de Vargas Filho.    -Segundo o conteúdo do ofício,  “as condições na parte relativa à construção estão muito em forma e com a necessária clareza e que executadas literalmente ficará a obra com a devida perfeição e solidez. Cumpre-me, porém, fazer uma observação a cerca do parapeito que com quanto eu, nos esclarecimentos que por exigência do Inspetor da Administração da Fazenda Provincial dirigi a V. Excia., em ofício n.º 4, de 25 do mês próximo pretérito, dissesse que o parapeito também seria de tijolo, todavia refletindo depois no orçamento vi que o tinha calculado também de pedra de alvenaria e como entenda mesmo que mais convém que assim seja construída, sou de parecer que no Art. 2.º das condições se faça essa pequena alteração dizendo-se em lugar das palavras ‘que também será de tijolo’, ‘que será de pedra de alvenaria’. Tudo o mais, como disse, acho em ordem.   Lopo Almeida Henriques Botelho e Mello.”          (Arquivo Histórico do RS,   fundo Obras).       
        Em 23/09/1848 há registro de acréscimos no contrato, aumentando as paredes. Em 28/10/1848, em ofício remetido a Francisco Joze de Souza Soares d’Andrea, Presidente da Província e Comandante do Exército, Lopo Almeida diz que:  “em consequência da determinação de V. Excia. enviada em ofício n.º 58, de 10 do corrente, encarreguei o Cap.João Pedro de Gusmão Vasconcellos Mariz do exame da Ponte de Botucaraí e segundo o oficio que o mesmo capitão acaba de dirigir-me e que incluso levo à presença de V. Excia., se depreende ter o arrematante concluído a referida ponte, bem como as paredes e aterros conforme os contratos celebrados com o mencionado arrematante.”   (Arquivo Histórico do RS, fundo Obras). Ofício de 28/10/1848, remetido ao Brigadeiro Chefe dos Engenheiros da Comarca Lopo d’Almeida Henriques Botelho e Mello diz o que segue:   “Em consequência das ordens que verbalmente recebi de V.S.ª fui ao Botucaraí e examinei a ponte que se acha concluída conforme a planta e contato feito pelo arrematante e me parece estar construída com toda a solidez, visto que tem passado carretas e tropas de gado e não tendo havido até o presente indício de ruína. Quanto aos paredões que fazem a entrada da dita ponte, acham-se igualmente acabados segundo o novo contrato feito pelo dito arrematante; e tendo medido todas as distâncias achei que estão conformes com as condições do mesmo, exceto a distância entre as paredes construídas no lado esquerdo que são de oitenta palmos e não sessenta como está declarado no supradito contrato. A camada de aterro, palmo e meio abaixo do nível das ditas entradas, é de areia grossa. As paredes que sustentam o aterro não são rebocadas. João Pedro de Gusmão Vasconcellos (ou Nascimento?) Mariz, Capitão Engenheiro Ajudante do Chefe dos Engenheiros da Comarca”     (Arquivo Histórico do RS,   fundo Obras). 
         Em 15/01/1849, em sessão da Câmara, foi feito o registro de denúncia de abusos na cobrança de taxa de passagem na Ponte do Botucaraí, uma vez que o cobrador exigia pagamento da taxa inclusive para aqueles que atravessavam o leito do rio (quando estava raso) sem utilizarem a ponte. 
        Custo total da obra: 46:800$000. (Banco de dados do Museu Municipal). O Relatório do Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Ten-Gal. Francisco Joze de Souza Soares de Andrea, apresentado na abertura da Assembleia Legislativa Provincial, em 01/06/1849, diz:    “Esta ponte estava a concluir-se quando entrei na Administração e já se lhe não pode valer, foi concluída segundo os termos da arrematação; mas tendo esquecido estabelecer entre as condições impostas a que parecia escusada de que a ponte tinha de servir depois de acabada ficou em forma de púlpito volante, levantada sobre o terreno sem se poder chegar a ela; e foi inevitável entrar em novo ajuste para a tornar acessível. Neste ajuste, concedendo eu muito menos do que a avaliação do respectivo engenheiro, ajustando os aterros e paredões precisos para os sustentar, por dois contos de réis, quando vi com os meus olhos o serviço feito, fiquei convencido de que os não valia.    Ficou a ponte muito estreita e tem tanto abaulamento que os eixos das carretas roem e estragam os parapeitos. E além disto, muito elevada no lugar dos arcos, dando áspera subida e má entrada, quer de um quer de outro lado. O engenheiro que a foi examinar deu-a por pronta, deixando-lhe os arcos entulhados de troncos de árvores e a frente deles obstruída pela terra das margens, de modo que as águas não têm corrente franca como convém. As rampas feitas à entrada e saída tem ainda alguns tocos de árvores, e estas coisas são de tal natureza que não parecia preciso mencionarem-se e o engenheiro não devia dar por pronto um serviço neste estado. Visto que os arrematantes são aqui tão exatos na inteligência das palavras, convirá que uma lei estabeleça em regra que a oitava parte de todas as arrematações não seja paga senão passado um ano depois da obra concluída, para que à custa dessa oitava parte possam ser feitos todos esses aperfeiçoamentos que constituem uma obra acabada.”  
         Em 1852 houve registro da necessidade de consertos na Ponte do Botucaraí, cuja obra foi solicitada ao engenheiro Frederico Heydtmann. (Arquivo Histórico).- Em 18/03/1852, Luiz Alves Leite d’Oliveira Bello escreveu à Câmara Municipal de Cachoeira ordenando ao engenheiro Frederico Heydtmann que fosse para Rio Pardo examinar e orçar o conserto da Ponte de Botucaraí e depois concluísse as obras iniciadas na Vila da Cachoeira, trabalho pelo qual receberia ajuda de custo para dois meses no valor de Rs.52$000 mensais. Em 25/10/1852, em ofício do Palácio do Governo em Porto Alegre, o Vice-presidente da Província estava devolvendo ao engenheiro Frederico Heydtmann o requerimento de Rafael Pinto de Azambuja solicitando que por achar-se próximo de Rio Pardo que se dirigisse o mais breve possível para fazer exame na obra da ponte e dar sua opinião a respeito.
        Em 09/12/1858 o coletor Francisco de Paula Pereira da Silva respondeu à Câmara que a soma resultante do pedágio da Ponte do Botucaraí, desde sua entrega ao trânsito público, somente poderia ser fornecida pela Coletoria Provincial. (Informação: Maria Goreti Pieniz, Arquivo Histórico).
         Segundo o historiador Aurélio Porto“até então a navegação do Jacuí era feita unicamente por canoas de tolda, sendo a maior parte do comércio por via terrestre, havendo no Botucaraí uma ponte de pedra, a primeira que se fez no Rio Grande do Sul.”   (Relatório do Intendente Isidoro Neves da Fontoura, 1910, p. 7).
        Ruy Kersting, antigo morador de Bexiga, nascido em 1912, em entrevista a Ione M. S. Carlos, disse que usavam preferencialmente a ferrovia. Ele vinha com o pai de charrete pela estrada que dá acesso à Volta da Charqueada, chamada Estrada de Baixo. Só faziam a volta pela estrada Rio Pardo–Cachoeira, que passa na Ponte de Pedra, em época de enchente. Era comum o uso de veículos de tração animal com 4 rodas e tolda, com capacidade para 8 pessoas. Um ponto de referência nesta estrada era o comerciante “Nonota”, espécie de entroncamento da estrada Rio Pardo–Candelária–Bexiga–Cachoeira.
       Carlos Souza da Rosa, também em entrevista para Ione M. S. Carlos, nascido em 1942, em 1951, com 9 anos, era órfão e foi morar nas proximidades da Ponte de Pedra. Lembra que havia tráfego de carros na estrada e ponte, mas já era usada a estrada nova somente no tempo de seca, porque a passagem no Botucaraí era feita através de uma ponte baixa de madeira. Afirma que a ponte de concreto foi concluída em 1968, que substituiu a ponte baixa de madeira. Ele deduz que a estrada do Botucaraí foi abandonada porque os bueiros que cobriam as sangas foram sendo destruídos, inviabilizando a passagem.
     
     O morro ao lado da Ponte de Pedra era conhecido como “Morro da Vó Josefa” e pertencia aos familiares de Nero Moura.   (Informação: Rudy Kämpf, 28/8/2002).
Mirian R. M. Ritzel
Fonte:
pesquisas de Ione Carlos, Maria Lúcia Castagnino e Mirian Ritzel






Pesquisa do Arquivo Histórico Municipal

     Correspondência trocada entre a Presidência da Província e a Câmara de Cachoeira, entre março e outubro de 1852, nos contam que:
     O Engenheiro Frederico Heydtmann foi contratado para "examinar, propor e orçar o conserto da Ponte do Botucaraí...".
     Ele deveria trabalhar por dois meses, recebendo 50 mil réis por mes. Mas, além da ponte, ele concluiria outros trabalhos na Vila de Cachoeira. Então não podemos ter certeza do tempo trabalhado na ponte. Sabemos apenas que os trabalhos se estenderam por "mais um mes, menos dois dias", ou seja: oitenta e oito dias.


Profª Ione Sanmartin Carlos
Diretora do Arquivo Histórico Municipal
Membro do Grupo de Recuperação da Ponte de Pedra






Correções na reportagem do Jornal do Povo de 26/03/2011:
Desvendada a História da Ponte de Pedra - por Patrícia Loss


 
 
 
  
     
Ponte de Pedra esclarecimento:              Diz um velho provérbio: o uso do cachimbo deixa a boca torta.  E foi isso que aconteceu.  Nós leitoras de textos escritos nos séc.18 e 19, tão familiarizadas com certas palavras não lembramos de esclarecer à jovem reporter Loss que alqueire de cal não era medida agrária mas sim medida de peso vigente à epoca. 
      Felizmente atentos estudiosos nos alertaram para o fato.  O amigo Corálio Cabeda indica o Google A.N.C. Alqueire que nos dá a equivalência entre 11 e 15 kg.   Já o amigo Maragato indica o Dicionário Moderno da Língua Portuguesa, org. Afonso Telles Alves SP - 1957. p. 58 que dá 13.800 litros
     Quanto à equivalência do antigo real, que a cada mil dava um conto de réis não me atrevo a fazer equivalência. Só faço comparações tipo o orçamento total com o que seria pago aos trabalhadores ao gasto com material, etc. Mas se alguém quiser fazer equivalência até para poder afirmar se houve superfaturamento ou não, indico o livro 1808 de Laurentino Gomes que traz nas fontes um site com este assunto.      
    Ah! e documentos  muito importantes que ainda não estudamos a fundo são sobre a participação de Frederico Heydtmann no conserto, em 1852, do que ele chama de "ruínas da ponte".  Ele deveria trabalhar 2 meses, incluindo obras que estava fazendo em Cachoeira (sabemos que ele foi responsável por obras no perímetro urbano, como nivelamento de ruas).
     Aos interessados em maiores informações:
                  Arquivo Histórico Municipal:       telefone 3724-6006                              e-mail: arquivohistórico@cachoeiradosul.gov.br 
Ione (Brasil) Sanmartin Carlos (Fórum do Leitor - JP 27/03/2011) 
 
      E também os textos fotografados passaram por um "melhoramento" do Renato Thomsen e estão reproduzidos logo abaixo: 
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          A Profª Ione Carlos informa que o texto logo a seguir, refere-se a  uma reforma sofrida pela Ponte de Pedra no passado:       
      "Tendo V. Ex.cia me ordenar em
Portaria de 18 de Março p.p. que fosse
examinar as ruinas da ponte de Bo-
tucarahy cheguei no dia de 18 de Abril p.p.
ao lugar daquella ponte sobre cujo es-
tado tenho a honra de expor o seguinte:
      O pavimento da ponte de Botucara-
hy foi construído sem contraparapei-
to como se ve no corte transversal jun-
to no lugar designado com a lettra A.
 Da falta notavel desses contraparapei-
tos resultam o inconveniente que as
rodas e eixos das carretas destruirão
parte dos reboques e muros dos para-
peitos nos lugares desiguados no de-
senho com as letras B.B - Não somen-
te he pois necessario que as ruinas dos
parapeitos se compoem, como tambem,
para evitar a sua futura destrueção
devem se construir contraparapeitos
de maneira como o desenho representa
no lugar C.
       Alem disso he a calçada de pavimen-
to da ponte incompleta visto que
4000 palmos quadrados não estão cal-
[çados.]





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